segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


"Essa não é mais uma história de amor, são pensamentos soltos, traduzidos em palavras..."



"Ok." disse ele. 

Talvez eu quisesse que aquele "Ok" tivesse um significado bonito, romântico e, menos agressor a minha alma. Mas não, era apenas a confirmação de um "Adeus".

Quando vejo as pessoas falarem do amor, de relacionamentos que não deram certo ou de sentimentos platônicos, paro e penso: "A vida é uma completa armadilha amorosa!"

A única coisa que não entendo é o por quê de reclamarmos tanto, de nos culparmos e vermos tudo de uma forma tão dolorosa. Se dói? Sim, claro que sim. Mas já olhou em volta? Isso acontece com todo mundo! (Não poderia ser diferente comigo)

Não me lembro em que mês ocorreu, talvez eu tenha deletado da minha mente de propósito. Mas não sumiu as cenas.

- "Tenho que lhe agradecer pelo apoio em todos esses anos". A janelinha subiu. 

Na era que estamos, falar pessoalmente talvez seja um problema. E o virtual surgiu, trazendo de volta tudo o que um dia havia jurado que não me importaria. Era ele. 

"Não responda ele, irá se ferir novamente". Dizia meu anjinho. 

"Você não é louca de deixá-lo sem resposta, você o ama!". Dizia meu diabinho. (Só podia ser um diabo mesmo)

- "Imagina, não foi nada demais. Pensei que havia se esquecido de minha existência". Respondi como boa teimosa que sou. Mal sabendo eu, que deveria ter ouvido meu anjinho.

- "Como poderia me esquecer de você? Seria como cortar algo que já nasceu dentro de mim". Respondeu com o mais doce romantismo que nunca havia tido. 

E eu acho que nem preciso dizer onde isso foi parar, não é mesmo?

E todas as vezes que penso em escrever sobre amor, sobre o que sinto ou senti, os versos da canção voltam em mente. 

"Essa não é mais uma história de amor, são pensamentos soltos, traduzidos em palavras..."

Em toda história de amor e amizade, há sempre o conselheiro. Essa sou eu. Mas como seria mais fácil se existisse os conselhos certos para alma. Eu tenho alma, os melhores conselhos? Isso eu já não sei.

Era uma tarde muito quente, às vezes penso que essas coisas só acontecem nas tardes quentes. Eu gosto do sol... Havíamos combinado de nos encontrarmos para tentar resolver de vez, o que ainda existia a ser esclarecido. Claro, eu acreditando que reataríamos, coloquei na bolsa a esperança e fui.

O cabelo balançava ao vento, o olhar atraente seduziria qualquer garota. Ou fui eu que me apaixonei por algo que não existia. Só sei que naquele dia, algo estava diferente. Veio em minha direção.

O percurso para o parque foi o mais difícil, ele havia me encontrado em uma praça comum do bairro. Resolvemos pegar o trem da cidade grande. 

- "Como estão as coisas no trabalho?" Tímido e sem saber o que dizer, perguntou. 

E foi daí em diante que o diálogo surgiu. Antes disso apenas olhares, e, minha dor. 

Que tola era eu, já havia vivido aquela cena milhares de vezes. Por que então deixava-me levar e retornava? E o que mais me feria era o percurso até o diálogo surgir. Não podia tocá-lo, não podia me apoiar nele ao balançar do trem. Era perturbador.

"Chegamos!". Disse ele, com um sorriso questionável. 

E foi ao pisar na grama que tudo sumiu. Todos os erros, brigas e memórias ruins haviam sumido. Como em todas as outras vezes que havíamos retornado, estava presa em seus braços. Mas, repito a canção. 

"Essa não é mais uma história de amor, são pensamentos soltos, traduzidos em palavras..."

Hoje, posso dizer que tudo isso me ensinou muito. Aquele papo de cada panela tem sua tampa engana muita gente. Me diz quem nunca ouviu frases como, "Vocês formam um lindo casal juntos", quem nunca?!. Mas a verdade, é que, aparentemente pode até ser um lindo casal. Porém, nem tudo são flores.

Enfim, 

"Essa não é mais uma história de amor, são pensamentos soltos, traduzidos em palavras..."

E o por que me expressar em pensamentos nessa altura do campeonato? Por um único motivo, o de ser escolhida. 

Depois de tantos relacionamentos mal resolvidos, tantas histórias que talvez, eu também tenha minha parcela de culpa. Eu me sinto novamente, completamente atraída por uma pessoa. Dessa vez, fui escolhida.

Ser escolhida é um termo que indico à todos os meus próximos. 

Passamos a vida toda escolhendo.

"Quero isso, quero aquilo. Não quero isso, não quero aquilo."

São coisas tão relevantes que nos fazem escolher, tão pequenos os detalhes que nos fazem perder algo que nos completaria. 

Agora me diz você, isso, você mesmo! 

Quem foi a última pessoa que você deixou para trás por apenas não ter algo em comum? 

- "Ah, mas ela não gostava de futebol". Me falaram esse dias.    

Me conte sua experiência, tagarelei sobre. Pois o meu conselho da semana é: 

Não escolha, seja escolhido(a)!

Hoje, Tagarelei o amor
Amanhã, talvez versos eu seja.

Agradeçamos à vida, por nos tornar mais sábios a cada dia.

Não escolha, seja escolhido(a)!

                                                   
                                                   KeTagarela

                                                     Imagem: HelgaMcL

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014


Tagarelei: Qual o sabor das suas asas?



- "Flocos, por favor!". Disse animada.


Retornava do trabalho, cansada, com passos curtos e chinelo de dedo. Afinal, em uma tarde tão quente como aquela, eu não poderia me manter de salto. Passei em uma sorveteria comum do bairro, sozinha ria mentalmente lembrando de momentos com amigos. Havia sido um dia muito complicado no trabalho. Então achei que merecia mais do que memórias de meu entretenimento, merecia um sorvete. Flocos, meu predileto. A atendente parecia estar passando por  um dia pior que o meu. Sorri tentando ao menos passar boas energias, talvez conseguisse um segundo de sorriso no seu dia - Tentativa falha - Peguei meu sorvete e segui meu caminho.

O percurso do meu trabalho até a sorveteria não era nem de cinco minutos, e da sorveteria ao ponto de ônibus de retorno a minha casa, menos ainda. Porém, naquele dia parecia que pisava em neve e meus pés afundavam. Estavam pesados e cansados. Ou seja, lento como os de uma tartaruga. Mas não aquela que vira moral da história, e sim semelhante a da casa de minha tia, que por sinal nunca vi passar da cozinha. 

Não sei se foi a lentidão dos meus passos, o cansaço e problemas que o dia me trouxe, ou as boas lembranças. Nesse dia não era só os meus pés que estavam presos ao local, os meus olhos. 

Tenho que dizer que morar em São Paulo cansa a mente de qualquer um. Trânsito, alto nível de estresse nas pessoas, e para piorar, o que os meus olhos ficaram presos. 

Tão pequeno, não conseguia identificar sua idade. Acredito que não tinha mais do que sete anos. 

- "Me dá um pouco tia?"

Meu sorvete derretia, gotas de flocos caiam na calçada. Eu, paralisada o olhava. Suas mãos estavam sujas, suas roupas rasgadas e com os pés sentindo o calor do chão quente. 

O que era ele?

Mais um olhar pidão que vimos todos os dias nas ruas?

Mais um rosto sujo da poeira do sofrimento?

O que era ele?

Eu estava presa!

Sentia vínculo naquele olhar, sentia que algo ali me pertencia. Perguntei:

- " Cadê sua mãe?"

Tímido e já agoniado de vontade pelo derretido sorvete, balançou a cabeça com as mãos estendidas informando que não sabia.

Dei meu sorvete a ele e tentei seguir. Meus pés continuavam presos, meus olhos lacrimejavam ao vê-lo parado saborear algo que resolveria o meu cansaço do dia. Para ele, mataria a vontade, talvez da vida toda. 

Ele sorriu, abraçou minha perna e correu saltitando. Pensei em segui-lo, mas estava completamente presa na cena. 

O que era ele? 

Ele era a tartaruga da moral da história, a que vence a corrida e comemora. 

Não só eu, como muitos outros nesse mesmo dia,  reclamaram, se fecharam para os sorrisos. Enquanto um sorvete nem se quer precisou pedir.

Posso dizer que naquele momento queria levá-lo comigo, colocá-lo em meu ninho, mesmo não tendo condições ao menos de me sustentar direito. Queria ao menos ensiná-lo a voar. 

(...)

Mas e nós, possuímos mesmo nossas asas?

Estou em casa agora, mas meus olhos ainda estão lá.

Ele era apenas um menino de rua que possuí o sorriso do agora. 

Com asas da simplicidade em meu ninho chamado memória, dorme.


                                                         KeTagarela

                       
                                           Imagem: Christian Hopkins

domingo, 14 de dezembro de 2014

ESTAÇÃO DA VIDA

Já tive milhares de nomes
Já tive várias versões
Já tive muitos olhares e até mesmo negações
Eu tenho milhares de histórias e às vezes até canções

Em um verso te mostro poema
Já em outros, dimensões
Conto-te meu trajeto
Encontro-te em algumas estações

Deixo-lhe aroma, memórias e histórias
Deixo-lhe sintomas de relações
Sussurro em seus ouvidos constantes inspirações
Momento de hoje, amanhã e agora
De vindas e idas, de grandes menções

Conte-me o dia de sol que tivestes
E me diga o momento qualquer que seja
Que queres a fúria dos meus olhares
Que queres o beijo que tanto desejas

Agora corre que o tempo voa
Corre que o trem já vem
Corre que meu horário
 Já se foi nesse vai e vem.

                                                                                 
KeTagarela




MEU NOME É TERRA, SOBRENOME HUMANO?



Ali estava ele!

Gritava, falava, lutava



Cabum!
Explodiam vidas
Corriam almas

Lutava por terra, por água, por dignidade
Como um dia foi escrito
Agora era verdade

Ali estava ele!
Era quase um: "Eu avisei!"
Não havia verde, não havia azul, não havia cores

Cabum!
Se ouvia gritos? Não! 
O barulho era o silêncio do recado um dia dado

Ali avistava ele!
Planeta Terra chorando,
Gritava: "Me deixa um dia ser humano!"

KeTagarela

Imagem: Vrusha Patel

A Era dos olhares que gritam!






Eu sou mais um
Mais um humano que vê olhares
Olhares maldosos, olhares que nos cercam
Eu sou mais um

Alguns deles estão juntos de sorrisos
Outros cercados de entrelinhas
Visto em todos os lugares
Alguns nem são adivinhas

Mas existe uma coisa que não se esconde
Que nisso eu nem ao menos preciso,
Ser um humano que pouco lamenta
Ver nos olhares o que as palavras diziam

São os prazeres que poucos percebem
Que alguns humanos trazem no sangue
São as palavras que sempre são ditas
Que na maldade destroem os sonhos

Você é gordo, magro, alto ou baixo?

Tenha certeza que nesses olhares,
Essas perguntas te seguiram
Pois o prazer do grande maldoso
É destruir a perfeição

Mas saiba no fim,

Que eu sou esse humano
Vejo o olhar de traz do sorriso
Os prazeres que desagradam
Vejo o espinho de cada caminho

Então por favor,
Caro leitor
Seja esse humano que não se abala
Que vê a maldade que cada um entrega

Leve contigo apenas o bem
Tire de perto
Tais humanos
Siga o caminho sem esse prazer
E diga "Obrigado, mas eu sou perfeito!"


KeTagarela

KeTagarela


Uma vez me disseram que a memória é algo como um jogo. Imagino que seja aquele que você deixa todas as cartas viradas em filheira, e em minutos você tem que memorizar todas as imagens e ordem. Claro que quando viram, os pares que lhe vem em mente são os que mais te interessam, no meu caso a imagem do sorvete bem colorido. E aqui estão as minhas faíscas de memória, descolorindo e colorindo histórias. Todos os dias abraçando a liberdade de expressão e criando histórias que nunca se vão. 
           
                                                                     Tagarelando.